Alta no querosene fará preço de passagens aéreas subir, diz Abear

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O reajuste de 3,9% no preço do metro cúbico (m³) do querosene de aviação (QAV) implementado pela Petrobras neste mês de julho soma-se a uma sequência de aumentos no combustível e intensifica a pressão para elevação dos preços das passagem áreas no País. 

Com reajustes mensais por parte da empresa, o preço do querosene de aviação acumula alta de 70,6% entre 1º de janeiro e 1º de julho de 2022, conforme relatório da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). 

A associação destaca ainda que em 2021 o aumento do valor do QAV foi de 92% com relação a 2020 e critica o modelo de precificação do combustível no País. 

“�? importante que haja uma política pública para reduzir o preço do combustível, que no Brasil chega a ser até 40% mais caro do que no Exterior”, afirma o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz. 

Impacto do reajuste nas passagens 
No Brasil, cerca de 40% do preço de cada passagem aérea é definido pelo custo com combustível para realização da viagem. Conforme a Abear, nesse cenário de aumentos mensais, ainda que o produto não seja vendido pela Petrobras diretamente aos cidadãos brasileiros, são estes que arcam com tais aumentos. 

�??Quem paga por esse aumento somos nós que compramos bilhete aéreo, pois no Brasil o querosene corresponde, em média, a 40% em média do preço de uma passagem, enquanto a média mundial é de 20% a 24%�?�, reitera Eduardo. 

A expectativa do mercado diante deste cenário é de que o reajuste de julho seja repassado em sua maior parte para aqueles que desejam viajar a partir deste mês. O presidente da Abear destaca que a situação representa um grande desafio para o setor e que não há como segurar os preços diante da “escalada dos custos estruturais”. 

Questionamento político dos preços
Na última terça-feira, 5 de julho, a Abear participou de uma audiência pública extraordinária na Câmara dos Deputados para tratar da precificação do querosene de aviação no Brasil. O encontro foi convocado pela deputada Jaqueline Cassol (PP-RO) e ocorreu no âmbito da Comissão de Viação e Transportes.

Durante o encontro, a política de precificação da Petrobras, que busca sempre nivelar os preços do mercado nacional com os valores internacionais dos derivados do petróleo, foi o destaque dos debates. A mediação do ato foi de responsabilidade do deputado federal Bosco Costa (PL-SE).

O presidente da Abear, Eduardo Sanavicz, esteve no encontro e questionou especialmente a sequência de reajustes significativos no preço do querosene de aviação. “Porque pagamos no combustível que é produzido em 96% aqui no Brasil o mesmo preço da produção de Dubai? Será que todos os custos estão colocados como deveriam?�?�, questionou.

O representante do setor das companhias aéreas no Brasil reiterou ainda que a sequência de aumentos desde 2019, aliado ao cenário de pandemia de Covid-19, com desemprego, inflação elevada, redução no poder de compra dificulta a oferta do serviço no País. 

Eduardo destaca ainda que a capacidade de investimento das empresas de eventos, feiras e negócios, bem como das próprias companhias aéreas ainda amarga prejuízos dos períodos com isolamento social mais restritivo durante os dois primeiros anos pandêmicos. 

Ele complementa sua posição afirmando que a Abear está “ampliado sua interlocução com o Poder Público, especialmente com a mesa de diálogo permanente com o governo” em busca de uma alternativa para o setor. 

Petrobras afirma que os aumentos são necessários
Ao comunicar o aumento do preço do combustível em julho deste ano, a Petrobras afirma que a ocorrência de reajustes mensais para o querosene de aviação é uma prática consolidada no mercado nacional e que ocorre há 20 anos. 

A estatal pontua ainda que o cálculo dos reajustes de cada mês para o combustível é definido com base em “fórmula contratual negociada com as distribuidoras”. 

Na dinâmica atual de mercado, a Petrobras comercializa o QAV produzido em suas refinarias ou importado apenas para as distribuidoras. Estas transportam e comercializam o produto para as companhias aéreas e outros consumidores finais nos aeroportos, ou para os revendedores.

Distribuidoras e revendedores são os responsáveis pelas instalações nos aeroportos e pelos serviços de abastecimento.

“Os preços de venda do QAV da Petrobras para as companhias distribuidoras buscam equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor do produto e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, afirma a estatal em nota. 

A Petrobras destaca ainda que o mercado em questão é aberto à livre concorrência e que não existem restrições legais, regulatórias ou logísticas para que outras empresas atuem como produtores ou importadores de QAV. 

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