Estatuto de candidata à UE não garante nenhum grande benefício para a Ucrânia

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Um dia antes do conflito entre a Rússia e Ucrânia completar quatro meses, o país comandado por Volodymyr Zelensky recebeu nesta quinta-feira, 23, algo que o líder ucraniano pedia desde antes do conflito começar: o estatuo de candidato oficial para ingressar na União Europeia. �??O dia de hoje marca um passo crucial no seu caminho para a UE. Um momento histórico�?�, escreveu no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Nas redes, o líder ucraniano comemorou a conquista, até porque, é a primeira vez que o bloco abre as portas para um país em guerra. �??�? um momento único e histórico nas relações entre a Ucrânia e a UE�?�, tuitou e complementou dizendo que �??o futuro da Ucrânia está no seio da UE�?�. Não só o país do Leste Europeu como a Moldávia também recebeu o estatuto de candidata oficial. Entretanto, apesar desse passo importante, o Doutor em Relações Internacionais, Igor Lucena, alerta que para se tornarem membros plenos �??vai demorar bastante, podendo ser décadas�?�.

Essa demora já tinha sido adiantada por representantes de outros países que há anos esperam para fazer parte da União Europeia. �??A Macedônia do Norte é candidata há 17 anos, se não perdi a conta. A Albânia há oito. Então, bem-vindo�?�, disse o primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama. �??�? bom que a Ucrânia tenha reconhecido o status. Mas espero que os ucranianos não tenham ilusões�?�, acrescentou. Entretanto, enquanto os próximos passo não acontecem, Lucena explica o que muda com o aval da UE para a solicitação ucraniana. �??A Ucrânia deverá realizar um conjunto de reforma, tanto na área política, econômica, legislativa, fazer uma reforma social�?�, explica. �??�? necessário que ela se adéque e haja uma integração de vários pontos sociais com outros membros da UE�?�, acrescenta.

Para Lucena esse avanço não vai impactar no fluxo da guerra com a Rússia que acontece desde o dia 24 de fevereiro. �??Até então o status de candidata oficial não garante nenhum grande benefício que altere a guerra�?�, porém aponta que �??como estamos falando de uma ação excepcional�?� é possível que e a Ucrânia tenha acesso não só a equipamento militares, como já vem tendo, �??como a fundos especiais, garantias, operações de crédito com a UE�?�, benefícios que só estão disponíveis para membros plenos.

Apesar do grande apoio que a Ucrânia vem recebendo em decorrência da guerra, Lucena não acredita que ela vai ter alguma vantagem em relação aos outros países que há anos esperam para se tornar membros plenos. �??Não acho que deve ser mais rápida�?�, mas a agilidade do processo vai depender �??única e exclusivamente dos próprios ucranianos e seus líderes realizarem as reformas até que todos os membros da UE reconheçam o esforço�?�. Mesmo que essa não seja a reposta definitiva, o especialista aponta que essa decisão é um �??fôlego para os combatentes pró-ocidente e para a própria população que é a favor da manutenção de laços com europeu e não russos�?�

Zelensky, borrell e Von der Leyen

Ursula Von der Leyen se encontrou com o presidente Volodymyr Zelensky e falou sobre o ingresso da Ucrânia na União Europeia

Próximos passos da Ucrânia na UE

Para se tornar um membro pleno da União Europeia existem etapas. �??Primeiro: é preciso ser candidata a associação�?�, explica Lucena. Este é o aval que a Ucrânia recebeu hoje. Depois disso é preciso realizar as �??negociações formais de adaptação a lei europeia que envolve questões judiciais, econômicas e administrativas�?�, acrescenta o especialista. Após esse processo e aprovação dos membros, o país pode fazer parte do bloco. Entretanto, podem demorar porque existe toda uma análise que os técnicos da comissão fazem para ver como �??está a posição politica, social, econômica e jurídica do país�?�. Passado isso �??se cria o tratado internacional de ascensão�?�, feito com o apoio do Conselho Europeu, da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu, e depois assinado pelo país candidato e ratificado por cada um dos países membros.

A União Europeia é uma união política e econômica e tem 27 estados-membros e mais de 450 milhões de habitantes. Dentro dento desses países tem um mercado interno único e um sistema já estabelecido de leis supranacionais relacionados, principalmente, a política externa a agricultura, política monetária e a livre circulação de pessoas, serviços e bens. Apesar de todos os países existirem com Parlamentos e presidentes ou primeiro-ministros, existe uma política europeia em que há o Parlamente Europeu, Conselho Europeu e a Comissão Europeia, responsável por manter políticas comuns de negociação comercial, agricultura, pescaria e desenvolvimento regional. Atualmente fazem parte da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Suécia. Ucrânia e Moldávia se juntam a República da Macedônia e Turquia, que já espera há 30 anos uma reposta, para poderem se tornar membros permanentes.

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