A poesia de Belchior segue afiada e atual

Publicado em

Tempo estimado de leitura: 4 minutos

Lançado em abril no �? Tudo Verdade, o filme Belchior – Apenas Um Coração Selvagem volta a ser destaque em outro festival de documentários, o In-Edit, que exibe apenas produções sobre o universo da música. A edição 2022, que começou na quinta passada e segue até o dia 26, concentrou o presencial em São Paulo e no Rio �?? Salvador já recebeu o evento –  mas manteve as exibições on-line para todo o país. E com a grande vantagem de ser gratuito, bastando  fazer um cadastro simples no site oficial br.in-edit.org.

Filme de estreia de Natália Dias e Camilo Cavalcanti, Belchior está na mostra competitiva Panorama Brasileiro, a principal do evento. A dupla começou a produzir o filme antes da morte do cantor cearense, em 30 de abril de 2017. E motivado pelo movimento �??Volta, Belchior�?�, que saiu da internet e já aparecia em muros de algumas cidades, tentando trazer de volta o artista, que àquela época vivia uma reclusão intrigante de uma década.

Mas o filme não tenta dar conta do que aconteceu com Belchior, muito menos de analisar sua obra e mostrar sua importância para a música nacional. O doc passa pelas principais canções do artista, para falar de criação, sonhos, de como ele se percebia e interagia com sua época �?? em meio às muitas crises. �??Nosso foco sempre foi a palavra, a construção de uma poesia afiada, a força das mensagens, a atemporalidade dos versos. Fomos conduzidos por esse personagem complexo e contraditório no processo de descoberta do filme�?�  afirmou o diretor.

E ninguém melhor que o próprio Belchior para falar de si mesmo. O filme costura entrevistas dele, sem ordem cronológica, e apresentações em festivais, shows e programas de televisão. E dispensa familiares, amigos ou artistas que tenho convivido com ele, o que é um dos grandes acertos do filme de 1h30 de duração.

Logo no começo, Belchior diz que ele é uma soma de muitas influências e que quem tem raízes profundas é árvore. Ou seja, ele é Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, mas também Beatles, Tropicália e tudo mais que passou por sua vida. �??Dizem que sou uma mistura de Bob Dylan com Wladick Soriano�?�, diverte-se. 

A única participação do filme é a do ator e também cearense Silvero Pereira, interpretando com muita propriedade os poemas de Belchior, e realçando ainda mais a força de canções como A Palo Seco e Sujeito de Sorte. Outra presença que ilumina o texto de Belchior é a de Elis Regina, responsável por apresentá-lo ao país no disco Falso Brilhante (1976), cantando Como Nossos Pais.

No mesmo ano, Belchior lançou Alucinação, que o projetou e que define no filme como um álbum violento e desesperado. A partir deste trabalho, travou sua relação, nem sempre fácil, com a indústria, os fãs, a mídia e os colegas de profissão. Mas como ele mesmo diz, querendo ser sempre �??um objeto poético transformador�?�. Poético e político. �??Eu como todo nordestino queria ser santo pra fazer milagre�?�, resume. 

Monte sua playlist no festival In-Edit 

O filme sobre Belchior está na mostra Panorama Brasileiro, ao lado de outras sete produções, que tratam de personagens ou cenas musicais nacionais. Outro destaque da competitiva é   Manguebit, filme de Jura Capela que passa a limpo a história e desdobramentos do movimento musical Pernambucano, a partir de entrevistas de seus participantes.  
Mas esta é apenas uma das  mostras do In-Edit, que tem filmes para os mais variados gostos musicais. Na Mostra Brasil, por exemplo, é possível ver o longa Me Chama que Eu Vou, de Joana Mariani, sobre o cantor Sidney Magal. Ou Tambores da Diáspora (João Nascimento) sobre a origem, presença e preconceitos em torno do  tambor na música brasileira. 
Mas a mostra mais diversa é o Panorama Mundial, que traz a maior quantidade de filmes, produções recentes de vários países, que vão da banda norueguesa a-Ha à cantora cabo-verdiana Cesária �?vora. E passam pelos  astros da black music americana Rick James Tina Turner. A cantora, aos 80 anos, repassa sua grande e difícil  trajetória. 

bitchin

Autor do hit Super Freak, Rick James tem história contada em filme (Foto: Divulgação)

Domingo no Parque com �?pera Infantil

O Parque do Queimado, sede do projeto Neojiba na Liberdade, ganha uma programação inédita neste domingo: a estreia da ópera infantil Jeremias Fisher – A História do Menino Peixe, que será encenada pelos integrantes do Coro Infantil, às 11h, em uma edição especial da série Domingo no Parque.
A obra estreou na França em 2007, numa adaptação da peça de mesmo nome do dramaturgo Mohamed Rouabhi, com música da compositora Isabelle Aboulker. Além dos integrantes do Coro Infantil, a montagem contará com Alessandra Lima (soprano), Marcos Paulo (baixo), Iuri Neery (tenor) e Rafael Oliveira (barítono), do Coro Juvenil, acompanhados por Arthur Marden ao piano, sob regência da maestrina Lucie Barluet.
Jeremias Fisher é a segunda ópera encenada pelo Coro Infantil. Em 2019, o grupo apresentou O Pequeno Limpa- Chaminés, do compositor britânico Benjamin Britten. A apresentação integra as comemorações dos 15 anos do Neojiba. Entrada gratuita. Ingressos reservados no site do Sympla ou retirados uma hora antes no local do evento. 

neojiba

Integrantes do Coro Infantil do Neojiba:  dia de estreia no Parque do Queimado (Foto: Eduarto Tosta/Divulgação)

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Por que ler é importante para todos nós?

Tantas pessoas se interessam pela leitura, mas não conseguem uma conexão. A importância da leitura na infância, na juventude e na fase adulta são indiscutíveis, por isso enumero alguns motivos para você se encantar com os livros e com os benefícios que eles trazem. Ler...