Lições básicas para não desperdiçar o seu voto (1)

Publicado em

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

�? uma combinação infernal. De longe, Bolsonaro é o mais despreparado presidente da história do Brasil pós-ditadura de 64. A rigor, o mais despreparado dos presidentes, incluídos os generais que governaram entre 1964 e 1985.

Todos os governantes mentem, sejam de direita ou de esquerda. Os da ditadura mentiram ao negar que houvesse tortura e assassinato de presos políticos; Lula, ao dizer que o mensalão do PT jamais existiu. Dissera antes que fora traído pelos mensaleiros.

Outra vez, de longe, Bolsonaro é o maior mentiroso de todos. Mente sério, mente sorrindo, mente diariamente, e não distingue entre os públicos para os quais mente. Mente para os mais toscos dos seus devotos, assim como para os mais refinados ouvidos.

Ele costuma recorrer a um dos mais comuns truques dos mentirosos amadores ou profissionais, e até mesmo das crianças que instintivamente se valem dele para escapar da punição: a generalização da culpa. Jogue a primeira pedra quem não o faz.

Mas há uma diferença, uma enorme diferença entre quem é homem público e ainda por cima governante, eleito para um posto tão elevado como o que Bolsonaro ocupa, e quem não é. A mentira dita pelo homem público causa severos danos aos que a escutam.

Por mais de ano desde que a Covid-19 começou a matar por aqui, e ainda não parou de matar, Bolsonaro receitou drogas ineficazes para combatê-la. Foi por engano? Por estar mal informado? Até hoje, ele não bateu no peito em sinal de arrependimento.

Mentiu sobre a cloroquina e outras drogas porque o importante  era salvar a economia, vidas, não. Como se a economia pudesse ser salva à custa de milhares de vidas. Sente-se culpado por parte das mais de 666 mil mortes? Sequer admite uma nesga de culpa.

Joga a culpa no vírus no Supremo Tribunal Federal que o teria impedido de combatê-lo (mentira), e em governadores e prefeitos que o combateram da forma errada (mentira). Se todos são culpados, não há culpados. Porque se todos são ninguém é.

No último sábado, em Manaus, Bolsonaro afirmou que os �??momentos difíceis�?� vividos pelo país estão chegando ao fim, e que �??os problemas estão no mundo todo, na política e na economia�?�, e que não há um responsável por isso. Se não há, ele tampouco.

Da mentira, saltou para o ataque aos adversários. Porque o ataque é melhor do que a defesa:

�??A parte material, brevemente, se regularizará em nosso país. Agora vem a questão espiritual. Nós sabemos o que o outro lado quer fazer. [�?�] Não aceitamos o comunismo ou o socialismo. Nós daremos a nossa vida pela nossa liberdade.�?�

O medo é um grande eleitor. Os militares, mas não só, usaram o medo do comunismo para dar o golpe que salvaria a democracia. Nos 21 anos seguintes, a democracia foi suprimida. O comunismo não existe mais como perigo nem mesmo na Rússia, onde nasceu.

Bolsonaro tenta ressuscitá-lo como uma ameaça para enganar seus adeptos e garantir o apoio dos militares à sua candidatura. Se for bem-sucedido, a culpa será de todos os que acreditaram nele. Quer dizer: não será de ninguém, Não cabem todos no banco dos réus.

O post Lições básicas para não desperdiçar o seu voto (1) apareceu primeiro em Metrópoles.

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Decisões de Moraes divulgadas nos EUA retomam divergências sobre bloqueio de perfis

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As decisões do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes divulgadas por uma comissão do Congresso dos EUA reforçam a discussão sobre os parâmetros legais para um juiz bloquear perfis em redes sociais. Atualmente, não há nas leis brasileiras regras e critérios a respeito da suspensão de contas

Nunes processa Boulos por dizer que prefeito ‘rouba e faz esquemas na prefeitura de SP’

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), entrou na Justiça com pedido de danos morais contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) depois de o parlamentar dizer que o atual chefe do Poder Executivo paulistano rouba e faz esquemas na Prefeitura de São Paulo. A declaração foi dada durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda

Moraes derrubou perfis a pedido de órgão chefiado por ele no TSE, mostra relatório

(FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes derrubou uma série de perfis nas redes sociais e determinou exclusão de conteúdos da internet com base em pedidos de um órgão chefiado por ele mesmo após tomar posse como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dezenas de decisões de Moraes com base no órgão do TSE constam