Uma ação na justiça tenta retirar da entrada do Beco das Garrafas uma idosa de 69 anos, cujo trabalho é visto como atrativo do município pradense.
O nome dela é Julita Lopes Ferreira. Nascida na cidade de Caravelas, em 1946, se mudou com sua família para o município do Prado no ano de 1976. Desde esse tempo, há exatos 39 anos, mantém uma barraca de acarajé no centro da cidade.
‘Tia Ju’, como é mais conhecida, trabalha produzindo e vendendo uma especialidade gastronômica, que está entre as mais conhecidas na culinária baiana, o acarajé. A idosa conta que foi com esse trabalho que sustentou seus nove filhos.
Incomodado com a presença dela naquele local, o corretor de imóveis Roberto Wagner Baiocchi Costa, mais conhecido como ‘Betto Imóveis’, tomou a iniciativa de mover uma ação judicial (sob N.º 0000123-34.2015.805.0203) contra a Prefeitura do Prado, cujo assunto é a obrigação de fazer a retirada da baiana do aracajé do local de onde se tem acesso ao Beco das Garrafas.
Depois de o assunto vir à tona, centenas de pradenses se manifestaram nas redes sociais contra a decisão do corretor de imóveis, proprietário de um imóvel onde funciona um restaurante, que fica próximo ao local onde a baiana do acarajé monta sua barraca.
A grande maioria dos proprietários de restaurantes, instalados no centro da cidade, não concordam com a ação judicial.
A assessoria jurídica da Prefeitura do Prado, por meio de nota, informou que “a administração municipal está analisando as possibilidades jurídicas para se manifestar neste feito judicial e que não se adiantaria no mérito do pedido”, destaca.
SOBRE AS BAIANAS DO ACARAJ�?: A lei federal Nº 12.206/2010 institui o dia 25 de novembro como data comemorativa alusiva às baianas do acarajé, dada a sua importância como figura representativa da cultura afro-brasileira. A cidade de Salvador/BA estabeleceu, por meio da lei municipal Nº 8.551/2014, a necessidade de apoiar e incentivar o trabalho dessas profissionais.
Em 2005, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão ligado ao Ministério da Cultura, registrou como Patrimônio Imaterial Brasileiro a prática tradicional de produção e venda nos espaços públicos, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas, principalmente, na cidade de Salvador.
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