Com 30 ações na Justiça, blogueiro e jornalista polêmico é achado morto.

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13-12-2011-19-48-21-321321O polêmico blogueiro Amilton Alexandre, o Mosquito, de 52 anos, foi encontrado morto dentro da sua casa, por volta das 16 horas desta terça-feira (13).

Mosquito, apelido dos tempos da faculdade, ou Muska, era odiado e temido por muitos políticos catarienses, especialmente de Florianópolis, por suas duras e ácidas críticas, postadas no blog Tijoladas do Mosquito.

Amilton foi encontrado enforcado em seu apartamento, em Palhoça, o que sugere suicídio, segundo as autoridades policias que apuram o caso, mas a possibilidade de homicídio ainda não está descartada, apesar de não haver qualquer sinal de arrombamento na residência ou sinais aparentes de violência.

Dentre os 25 Boletins de Ocorrência policial feitos pelo blogueiro, levantados agora pela polícia, alguns eram sobre ameaças de morte.

Em seus últimos minutos de vida, estava conversando com um padre, amigo seu, através do computador. Ele teria deixado de teclar, e logo depois, o padre foi até a residência do blogueiro, encontrou a porta semi-aberta e o amigo enforcado com um lençol no corredor da escada. Mosquito morava só há oito anos, no loteamento Pedra Branca, em Palhoça.

Segundo, eu amigo, o jornalista e também blogueiro Sérgio Rubim, do Cangablog, “O secretário de segurança Walter Gruba determinou que uma equipe da diretoria de informação e inteligência do SSP se deslocasse até a casa de Amilton Alexandre. Por ser um personagem polêmico e visado, Gruba quer uma apuração detalhada sobre o caso.”

Informações sobre um mandato de prisão, que teria sido expedido contra o Mosquito neste final de tarde, foram desmentidas.

O polêmico jornalista florianopolitano foi preso em 1979 por participar de protesto contra o general João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, e enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Formado em Administração de Empresas pela UFSC, ele foi líder estudantil. Seu blog “Tijolhadas” lhe rendeu cerca de 30 processos por calúnia e difamação.

Izidoro Azevedo dos Santos (62 anos), advogado que defendeu Amilton em dois processos, levanta dúvida sobre o suicídio do blogueiro “terá mesmo o blogueiro se suicidado, ou sua morte terá sido obra dos incontáveis desafetos que cultivou, com suas enérgicas e contundentes denúncias de corrupção e lambanças políticas as mais variadas.”

Santos, que é conhecido como Herbert, conta que “Um deles (dos desafetos), numa audiência em que eu estava presente, chegou a afirmar, na frente da Juíza, que saíra de casa para matar o Amilton, mas fora dissuadido do seu intento pela família e por amigos.” Cuidadoso sobre essa ameaça, Herbert também postou em seu blog “Não posso afirmar que a morte do Mosquito tenha sido obra de gente ao serviço dele, citando a circunstância para lembrar o estado de exasperação em que chegaram os denunciados pelo blogueiro, com palavras contundentes e, não raro, consideradas infamantes, as quais engendraram inúmeros processos criminais e cíveis, contra os quais o acusado travava uma luta desigual, mesmo estando apoiado por simpatizantes.”

Neste dia em que Moska será enterrado, Sérgio Rubim postou em seu blog “Ainda ontem li no twitter um jornalista dizendo que tudo que ele não fazia era jornalismo. Despeito!

Talvez para esse jornalista, praticar jornalismo é fazer assessoria de imprensa e colunas elogiativas de autoridades. Está enganado. Mesmo com diploma de Administração, o Mosquito fazia jornalismo. Morreu em plena atividade da profissão.”

Rubim também comentou sobre o estado psicológio do Amilton Alexandre: “Sobre a sua morte, ele já vinha há dias mandando sinais de que pretendia dar cabo da vida. sozinho, sem dinheiro, com o seu blog fechado pela justiça, estava deprimido e parecia não encontrar saida para o fosso em que se meteu.”

Amilton Alexandre encerrou seu blog no dia 9 deste mês, onde postou:

“Quem tem acessado o blog nas últimas semanas notou um vem e vai de informações, postagens deletadas e até comentários sobre a coragem do blogueiro nas suas manifestações.

O blog foi construído com o objetivo de denunciar corrupção, tratar de assuntos ligados a cidadania e versar sobre os mais diversos temas da blogosfera.

Durante todo esse tempo, minha atividade foi manter o blog com informações e denúncias.

O blogueiro, apesar de muitas vezes advertido, carregou nas tintas contra os políticos. Passou dos limites em alguns casos. Claro, colheu processos e condenações, aos quais recorre.

Mas contribuiu para tentar sanear a política catarinense. Não foram poucos os assuntos tratados aqui transformados em inquéritos no Ministério Público e ações civis públicas.

Quem achou que havia financiamento de grupos interessados em obter vantagens com o que era publicado aqui, se enganou.

Tanta dedicação ao blog levou-me a um isolamento familiar, com oposição a minha atividade, problemas de saúde e outras dificuldades. Nas últimas semanas acusei o nocaute. Não tenho mais como enfrentar as ameaças e retaliações pelo que publico. �? sensato dar um tempo.

Como diz um amigo meu: O que vc ganhou com o blog?

O ganho não foi pessoal, mas coletivo. Talvez um dia eu tenha a resposta para a minha parte.

Agora vou tentar me reestruturar numa atividade menos tensa. Preciso dar mais atenção a quem precisa: eu mesmo.

Passando pelo Cangablog vejo que o arsenal de maldades dos políticos não para. Vou deixar o Canga linkado aqui permanentemente. Devo dar alguns pitacos lá.

Aos meus leitores desejo bom Natal e um Ano Novo com saúde e paz.”

A última postagem no blog do Mosquito, que não está mais no ar, havia o seguinte texto de Jerônimo Gomes Rubim:

E encerra suas atividades o polêmico blog Tijoladas do Mosquito. Por três anos, legislativo, judiciário, executivo e outras ôtoridades de SC tremeram nas bases com as denúncias e xingamentos do Mosquito.

Ele foi o primeiro a denunciar o escândalo da árvore de natal da Beira Mar Norte. O primeiro a falar sobre os estupro de uma menor envolvendo Sirotskys. Várias denúncias do blog, bem documentadas, estimularam investigações do Ministério Público e condenações. Chegou a ser citado na sentença de um juiz que condenava um prefeito do interior a devolver dinheiro público.Talvez não tenha feito jornalismo na forma e padrão convencional, disparando adjetivos tortos e alguns “filhos da puta” a mais. Ganhou mais de 50 processos por isso. Dependendo da teoria de análise, alguns vão dizer que nem jornalismo fez, era só denuncismo. Mas foi um defensor apaixonado da ilha e seu povo (nós), e fez o que o jornalismo local não faz: desmascarou, denunciou, investigou e provou irregularidades. Mostrou ali, no blog público e acessado por mais de cinco mil pessoas por dia, a mão grande e a completa desfaçatez de quem é muito bem pago para escolher por nós �?? e que faz questão de escolher apenas por eles.Deixa seguidores fiéis, que viram nesse justiceiro dos bytes a voz comunitária da indignação. A pressão, vocês devem imaginar, é terrível. No último achaque do poder, dava depoimento em processo movido por Dário Berger quando recebeu uma ilegal voz de prisão ao responder pergunta do promotor �?? que tem cargo público e não poderia estar ali.Tá tudo documentado no blog dele, aparece lá. Descubra um pouco mais sobre o que realmente acontece na sua cidade. Como ele mesmo escreveu, o blog entra para a história de Florianópolis.

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