No final da manhã desta segunda-feira (17/05), os detentos da Delegacia de Polícia Civil de Prado se recusaram a comer a alimentação que é fornecida diariamente. Todas as 41 (quarenta e uma) marmitas fornecidas foram lançadas ao lixo pelos próprios detentos. Ameaçaram se amotinar e destruir todo o complexo carcerário de Prado se, nos próximos dias, o problema não for resolvido.
A justificativa para o ato desta segunda-feira, segundo os detentos, seria que as marmitas estavam sendo servidas impróprias para o consumo. Acrescentaram que o fato vem se repetindo há vários dias, quando eram obrigados a se alimentar com almoço azedo.
Nossa equipe obteve informações de que o fornecedor da alimentação entregue aos detentos pradenses, através de concorrência pública licitatória direta com o governo baiano, exigiu que a cozinheira melhorasse o produto entregue, além de se comprometer a vistoriar a alimentação e a se reunir com os detentos e a Delegada Rosângela Santos, visando sanar definitivamente este problema.
A insatisfação dos detentos, no entanto, se sustenta na situação em que estão submetidos, já que as celas estão superlotadas e em péssimas condições toda a estrutura física da delegacia, com inúmeros pontos de infiltração. Deve ainda se somar o precário sistema de abastecimento de água, esgotamento das celas deficitário, iluminação e a própria condição em que estão distribuídos em 3 (três) celas com área de 3,75 m2 (2,5 x 1,5), abrigando 12 detentos cada.
Para abrigar os detentos femininos, o então delegado Dr. Kleber Gonçalves, se viu obrigado a fazer uso da sala destinada ao alojamento feminino onde, desde então, está abrigando mulheres. Nesta cela há, atualmente, 3 (três) mulheres. Há poucos, chegou a conter 11 (onze).
A população carcerária de Prado mantém 41 (quarenta e um) detentos. Número três maior do que aquele aceitável ao oferecimento de direitos humanos e condições dignas para o cumprimento de sua dívida com a sociedade.
Procurado pelo PrimeiroJornal, o Prefeito João Alberto Viana Amaral, o ‘Jonga’, nos informou que desde 2009 vem tentando junto à Secretaria de Segurança Pública da Bahia a reforma da Delegacia de Prado.
{xtypo_quote}Recentemente estivemos em Salvador tratando exatamente de melhorias para a Delegacia de Prado. O governador Jacques Wagner e o Secretário de Segurança Pública, César Nunes, se sensibilizaram com a situação em que se encontram nossos detentos e prometeram enviar um engenheiro para analisar as condições de nossa delegacia, com intuito de se construir um projeto capaz de oferecer melhores condições à população carcerária de nosso município. Inclusive, estaremos enviando no dia de hoje esta matéria do PrimeiroJornal à Secretária de Segurança Pública da Bahia, para concretizar o motivo de nossa preocupação, quando buscamos melhorias. �? importante pontuar que nossos esforços já conseguiram considerável progresso: a nomeação de uma delegada, o aumento de efetivo de policiais civis e a vinda de duas viaturas{/xtypo_quote}
O Presidente do Conselho Municipal de Segurança Pública, Antônio Leal, nos informou que a situação em que se encontra a Delegacia de Prado é muito grave e que, há muito, o Conselho de Segurança de Prado vem chamando atenção para que melhorias sejam promovidas.
{xtypo_quote}Iremos enfatizar o pedido de urgentes providências e melhorias na Delegacia de Prado, junto à 8ª Coordenadoria de Polícia Civil, representada por Dr. Marcos Vinícius e, se necessário vamos recorrer à Secretaria de Segurança Pública da Bahia para cobrar as providências necessárias. Já chegamos aos extremos. Não dá mais para suportar esta situação{/xtypo_quote}
Procuramos a delegada titular de Prado, Dra. Rosângela Santos, mas não conseguimos encontrá-la. Segundo informações, ela encontra-se tomando cursos na capital baiana, pra onde seguiu no dia 08 e deverá retornar no próximo dia 19/05.
Exemplos como o de Prado têm aprofundado o caos carcerário, com reflexos diretos na segurança pública, não alcançando o resultado que a sociedade anseia, principalmente pelo fato de que as cadeias do Brasil têm ampliado o sentimento hostil à própria sociedade. Em tese, grande parte deste gargalo se deve às péssimas condições em que os detentos estão submetidos, maximizados pela falta de instrumentos que sociabilizem aqueles a quem se esperava aprimorar através das ferramentas jurídicas de privação de liberdade e de direitos.
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